Ano: 2013 – 2016

            Projeto em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC) propunha analisar a situação da juventude em relação ao desenvolvimento do país através da educação e do trabalho, desde as dificuldades dos jovens para adentrar no mercado de trabalho até como projetos como o PRONATEC, PROUNI, SISU influenciam na vida dos jovens brasileiros e o desenvolvimento do país.

A década de 1990 foi marcada por uma forte reestruturação do mundo do trabalho no Brasil. O processo de abertura, por vezes forçada, da economia brasileira, ao lado da desnacionalização de diversos setores produtivos, foi combinado com inovações e mudanças técnicas poupadoras de mão-de-obra. A realização dessas transformações em um contexto de baixo crescimento econômico levou à ampliação do desemprego no país. Ao mesmo tempo, as pressões empresariais por redução do valor do trabalho e a ampliação do contingente de desempregados teve um efeito colateral na desregulação e na precarização dos postos de trabalho.

            Datam deste período também as políticas voltadas para progresso na universalização do acesso ao ensino formal, ainda que com problemas importantes de qualidade. A elevação da educação média dos brasileiros, em especial da juventude, revelou-se, contudo pouco capaz de conter a deterioração dos postos de trabalho. A juventude aparecia como o setor socialmente mais vulnerável à crise do mercado de trabalho.

            Os índices de emprego só vão se recuperar na década seguinte, combinando ampliação da força de trabalho ocupada com incrementos expressivos no índice de formalização. Em um cenário macroeconômico diferenciado o país experimentou entre 2003 e 2011 uma melhora nos níveis de crescimento econômico, o que pode ajudar a entender as melhora na oferta de emprego. Neste período, a oferta de educação também foi ampliada, tanto na rede pública, principalmente nas universidades, quanto na rede particular. A demanda pela educação formal já não se restringe aos ciclos fundamentais ou à juventude, tornando-se uma exigência mais ampla dos processos de aprendizado que ligam as tarefas produtivas a uma economia cada vez mais baseada em informação e conhecimento.

            Todavia, os desníveis e as diferenças educacionais continuam impulsionando a reprodução da desigualdade social. Desigualdade que se dá tanto na quantidade de anos que os jovens passam na escola, quanto na qualidade do ensino recebido. Por outro lado, alteram-se profundamente os padrões de transição dos jovens entre o ciclo educacional e o ingresso no mercado de trabalho, constituindo trajetórias de vida distintas que podem ser determinantes no sucesso e na realização dos objetivos traçados por cada um.

            Este projeto pretende pesquisar as relações entre educação e trabalho à luz do desenvolvimento brasileiro recente e com uma preocupação especial com a condição da juventude. Pretende-se discutir os impactos das transformações recentes ocorridas no mundo do trabalho na organização e na formulação dos sistemas educacionais, sua relação com as políticas públicas e com o desenvolvimento do país. Ao debate em torno dessas grandes linhas deve-se agregar o ponto de vista da juventude, buscando entender suas expectativas e sua percepção dessas transformações, enriquecendo o quadro interpretativo e buscando reconhecer explicitamente os jovens como atores e não como sujeitos passivos desse processo.

A pesquisa ajudará a formar um Laboratório de Políticas Públicas e Juventude, Educação e Trabalho. O Laboratório fará acompanhamento sistemático sobre as transformações no mercado de trabalho brasileiro e sua relação com a educação e a expectativa dos jovens. O Laboratório será organizado com base em estudos monográficos, acompanhamento de noticiário e análise de políticas públicas ligadas ao tema. As informações levantadas serão disponibilizadas por meio de sítio na internet, publicação impressa dos artigos e de jornal eletrônico, dialogando com outros pesquisadores do tema no restante do país.